Resistir para existir

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Estamos todos cansados. E não é só por causa das eleições de 2018, esse cansaço vem de muito antes, vem de outras vidas, vem de nossos ancestrais que desde sempre estiveram aqui lutando para que hoje pudêssemos ter o privilégio de descansar um pouco.
Desde o dia 28 de Outubro quando o pior foi confirmado, resolvi dar um tempo de tudo. Todo mundo estava (e alguns ainda estão) muito alterados com os últimos acontecimentos, isso dos dois lados, quem apoiou estava em êxtase pela “vitória” (entre aspas porque as pessoas vão perceber que poucos venceram) e quem perdeu estava desesperado com o futuro. No meio disso tudo, eu não conseguia sentir nada. Sinceramente não sabia o que sentir, acho que nunca tive essa sensação porque nas últimas semanas cortei laços de muitos anos, me magoei com pessoas que eu não imaginava, vi pessoas que eu admirava defender quem deseja que eu morra. Então, eu estava paralisado com tudo isso, não sabia o que pensar, queria ficar no meu mundo, não queria passar por isso tudo e para isso resolvi ficar offline, não só da internet, mas da vida mesmo. Tenho o privilégio de poder ficar sozinho. 
Pensei em tudo que estamos vivendo. Lembrei de quem veio antes, das pessoas que não tinham nenhum direito. Pensei nas pessoas negras que passaram mais de trezentos anos sendo tratadas como animais nessa terra invadida chamada Brasil. Pensei nas mulheres que por muito tempo não tinham direitos, pensei principalmente na comunidade LGBT+ que até hoje luta por direitos básicos, luta para ser reconhecida. Já sofremos tanto, já morremos tanto, lutamos tanto por um pouco de espaço. E estamos conseguindo, com passos curtos, mas estamos caminhando. Olhar para trás é muito perigoso, faz pouco tempo que estamos nos sentindo um pouco “melhor” e eles querem que esse sentimento acabe.
Nossa missão é continuar pensando positivo. É lutar e comemorar cada vitória. É honrar o nome de pessoas que morreram lutando por nós. É ajudar quem ainda está por vir.
Eles não vão conseguir nos deixar com medo, essa palavra e esse sentimento não existe para quem nunca teve outra escolha a não ser lutar.
Cada pessoa negra, cada mulher, cada LGBT+, cada índio, cada minoria deste país está unida. Estamos de mãos dadas. Estamos nos apoiando. Estamos resistindo.
E vamos continuar existindo. Todo dia quem nos odeia terá de passar por nós em cada canto do Brasil. Estaremos em todos os lugares. Somos a maioria. Somos muitos!
Descanse, mas não desista da luta.

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