Porque a parada LGBT existe?

parada gay
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Entra ano e sai ano, sempre que estamos próximos de mais uma parada do orgulho LGBT, algumas pessoas, as vezes desinformadas, outras apenas querendo espalhar ódio e intolerância se questionam o porquê da necessidade de existir um dia para pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transsexuais e qualquer outra identidade sexual ou de gênero que seja não cis hétero saírem as ruas para mostrar representatividade e lutar por seus direitos. Em 2018, acontecerá a vigésima segunda edição (sim, já aconteceram 22 paradas) e as pessoas ainda “não sabem” o porquê da parada LGBT acontecer e a importância de participar ou dar visibilidade para esse evento.

A próxima Parada do Orgulho LGBT acontece no próximo domingo (03/06) em São Paulo e durante toda essa semana aconteceram diversos eventos pré parada que deixaram a principal cidade do país muito mais agitada. Em 2018, ano de eleições que elegerão presidente, governadores, senadores e deputados os organizadores da parada LGBT (ONG APOGLBT SP) escolheram o tema baseado nas eleições, com o slogan “Poder para LGBTI+ – Nosso Voto, Nossa Voz“. 
É muito importante discutir eleições e consequentemente o poder de voto para pessoas LGBT+ já que nós somos cerca de 10% da população brasileira, ou seja, pelo menos 20 milhões de pessoas e temos sim o poder de decidir quem vai governar o país e criar leis. Infelizmente atualmente existem apenas uma pessoa assumidamente LGBT no congresso nacional, o senador Jean Wyllys (inclusive, frequentemente atacado pelos colegas senadores). 

Mas afinal de contas porque a parada LGBT é necessária? 
Essa pergunta poderia ser respondida de muitas formas e para não restar dúvidas, vou respondê-lá da forma mais direta possível: 

O Brasil é o país que mais mata LGBT+ no mundo, cerca de 1 uma pessoa a cada 19 horas (fonte)

Só em 17 de Maio de 1990 a homossexualidade deixou de ser considerada doença para a Organização Mundial de Saúde (fonte)

Apenas em 2011 o Tribunal Superior Federal reconheceu as reuniões homoafetivas (fonte)

Em 2008 o processo de redesignação sexual passou a ser oferecido pelo SUS, mas a fila de esperar pode durar mais de 20 anos (fonte)

Cerca de 343 LGBT+ foram assassinados no Brasil em 2016, apenas por serem LGBT+ (fonte)

Em 2017, pelo menos 445 pessoas LGBT+ foram assassinadas, cerca de 30% a mais que 2016 (fonte)

A expectativa de vida de pessoas travestis ou transsexuais é de 35 anos – a da população geral brasileira é de 75 (fonte)

Pelo menos 73% de jovens LGBT+ já foram agredidos na escola (fonte)

LGBT+ são 5 vezes mais propensos a cometer suicídio por causa da intolerância (fonte)

61% dos trabalhadores LGBT+ escondem sua orientação sexual no trabalho (fonte)

São 10 motivos, mas acredite, existem milhares de outros pelos quais se faz necessário que pelo menos um dia no ano pessoas LGBT+ se juntem para falar sobre suas causas e sobre o que ainda falta para conquistar (e falta muito!). Não é sobre querer direitos a mais, é sobre ter os direitos mínimos que qualquer outro cidadão cis e hétero possui, como por exemplo, doar sangue ou de não ter sua condição sexual ou de gênero tida como uma doença ou transtorno. 
A parada do orgulho LGBT não é exclusiva, todos são bem vindos, a luta é por um país mais justo para TODOS e para isso acontecer é necessário um esforço coletivo. A Parada LGBT de São Paulo é considerada a maior do mundo e isso é muito especial, mas ao mesmo tempo percebemos que os avanços para a população não são tão grandes assim. 
A parada LGBT existe porque LGBTs existem e precisam lutar por visibilidade e direitos. 

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